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Os bancos brasileiros têm um motivo a mais para buscar recursos na atual janela de oportunidades do mercado externo. Isso porque, a partir do próximo ano, as emissões de dívida que visem o reforço de capital devem ficar mais caras em até 1,5 ponto percentual.
 
Pelas regras atuais do Banco Central, as instituições financeiras podem emitir títulos de dívida subordinada e usar esses recursos para aumentar o potencial de concessão de crédito, ou seja, o chamado Índice de Basileia. Com a entrada em vigor das normas de capital bancário conhecidas como Basileia 3, em 2013, no entanto, esse tipo de dívida terá novas cláusulas que penalizam o investidor.
 
A primeira delas abre a possibilidade de o banco interromper o pagamento de juros em caso de necessidade de recursos por perdas financeiras. Além disso, o detentor dos bônus pode até mesmo perder todo o investimento em um eventual problema de capital enfrentado pela instituição. “Os investidores vão pedir um prêmio maior”, diz Rodrigo Cabernite, diretor de mercado de capitais do Standard Chartered. Esse elevação no custo pode ficar entre 1 e 1,5 ponto percentual sobre o valor atual, estima ele.
 
O mercado espera que Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander acessem o mercado. Além disso, a Caixa Econômica Federal pode finalmente se aventurar no mercado externo e o BNDES também é aguardado.
 
Os bancos podem aproveitar ainda para buscar recursos para “funding” de operações de mercado externo, com emissões de prazos de 5 anos. Mas como as taxas de conversão dos recursos para reais, neste momento, estão elevadas, além da baixa demanda por parte dos clientes, o apetite neste momento pode não ser tão grande, diz Rodrigo Fittipaldi, diretor do BNP Paribas.
 
O cenário é mais difícil quando se fala de emissões de bancos médios. Para Carlos Gribel, gestor da Tradewire Securities, o mercado se fechou para papéis deste tipo, especialmente após casos recentes de fraude e de ampla repercussão que incluíram o PanAmericano e o Cruzeiro do Sul.
 
“Continuaremos a favorecer os setores não bancários, especialmente após o episódio do Cruzeiro”, diz David Aniloff, gestor de portfólio para mercados emergentes da SEI Investments. Com cerca de US$ 24 bilhões sob gestão, dos quais US$ 2,5 bilhões investidos em títulos corporativos de países emergentes, a empresa só compra bônus de alto rendimento.
 
Mas alguns analistas avaliam que o impacto do calote do Cruzeiro pode ficar limitado a bancos médios com foco em crédito ao consumo. Haveria, portanto, espaço para instituições que trabalham com crédito para empresas, como Daycoval, ABC Brasil, BicBanco e Pine. “Alguns desses já estão consultando o mercado”, diz um executivo de banco de investimento.
 
Essa possibilidade decorre de uma liquidez represada que vem de antes do período de férias no Hemisfério Norte, que terminou ontem com a captação da Vale de US$ 1,5 bilhão. Os investidores de renda fixa internacional se mantêm agressivos e líquidos, seja pelo reinvestimento proporcionado pelos ganhos com os papéis, seja pela entrada de nova de recursos. “Faz 12 semanas que os aportes são positivos em fundos para mercados emergentes, inclusive para a América Latina”, diz Mário Leão, diretor do Morgan Stanley.
 
Essa liquidez pode abrir espaço inclusive para empresas com nota de risco mais elevadas (“high yield”). Como elas não encontraram espaço para captar neste ano, por conta do mau humor internacional, pode ser que agora, pagando juros um pouco mais elevados, possam acessar os mercados. “Em um segundo momento, elas devem se aproveitar da retomada das emissões este ano”, diz Gribel.
 
Segundo dados da Dealogic, empresa americana de análise de mercados, as companhias brasileiras captaram cerca de US$ 3,7 bilhões em 2012 por meio de emissão de bônus de alto rendimento, com nota de risco “BB” ou inferior – pouco mais de 10% do total das emissões nacionais, mas o segundo maior volume entre economias emergentes, atrás apenas da China, com US$ 4,1 bilhões.
 
Aniloff, da SEI Investments, explica que, apesar do apetite por papéis de maior risco, há uma preocupação com a qualidade de crédito das empresas. Além disso, os papéis de empresas “high yield” não apresentam bom desempenho no mercado secundário, seja pelos resultados operacionais ainda fracos, seja pela conjuntura econômica pouco favorável.
 
Para Leandro Miranda, diretor do Bradesco BBI, há uma expectativa de lançamentos de empresas com notas de risco entre “BB” e “B+”. Os prazos devem ser limitados a 7 anos, com volumes entre US$ 150 milhões e US$ 500 milhões. Mas restritos a “nomes conhecidos”, diz ele.
 
“O ideal seria esperar uma melhor performance no secundário para, em seguida, fazer uma oferta primária, provavelmente com um prêmio sobre esses papéis”, diz Leão, do Morgan Stanley. “Parece que o melhor momento virá no primeiro trimestre de 2013.”
 
Para Brigitte Posch, estrategista para mercados emergentes da Pimco, uma das maiores gestoras do mundo, haverá, até o fim do ano, um total de US$ 50 bilhões de novas emissões corporativas de emergentes. Desse volume, entre US$ 6 bilhões e US$ 7 bilhões virão de empresas brasileiras, prevê a Pimco, dos quais 25% serão bônus de bancos e 75% de empresas – com apenas 25% dos emissores não grau de investimento.
 
Fonte: Valor Econômico/ Fernando Travaglini/ Filipe Pacheco – 05/09/2012

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