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A definição da taxa de juros é prerrogativa do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). Mas isso não impede que todos deem seus pitacos sobre o tema. No mercado, a prática faz parte do jogo. Os economistas montam seus estudos, projeções e cada um defende sua posição. O quadro muda de figura quando alguém do próprio governo se mete nessa seara. No domingo, o assessor especial da presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, falou em queda de juros, dentro do contexto de “tsunami monetário” e real valorizado.

Até aí tudo bem. A questão é que ele acrescentou o adjetivo “moderada” após a sentença.

“É claro que o câmbio está [exagerado]”, disse. “Vai ter mais uma reunião do Copom, na qual vamos ter uma queda moderada dos juros, mas uma queda. Esse caminho já está definitivamente definido, que é a baixa da taxa de juros, e é exitoso porque não tem efeitos inflacionários”, disse Garcia. Nos últimos meses, o uso da expressão “ajustes moderados” da Selic pelo BC vinha se traduzindo em cortes de 0,5 ponto por vez.

Se não fosse o período pré-Copom e o mercado não tivesse vindo de um pregão com recorde de negócios e crescentes apostas de que o colegiado do BC iria acelerar o ritmo de cortes de meio ponto percentual para 0,75 ponto percentual ou mais, as declarações passariam em branco, ainda mais partindo de alguém de fora da equipe econômica. Mas como esse não é o caso, a fala do assessor correu as mesas de operação no começo da segunda-feira e colocou as taxas de juros futuros para cima durante boa parte do pregão.

A presidente Dilma Rousseff correu em defesa da autoridade monetária e desautorizou seu assessor, que a acompanha em viagem à Alemanha. “No meu governo quem fala sobre taxa de juro é o Banco Central, é Alexandre Tombini. Nem eu nem ninguém tem autorização para falar sobre juros”, afirmou a presidente.

No fim da jornada, seja por bom senso, seja por movimento de correção intradia (a alta da manhã chamou novos vendedores), as taxas futuras retomaram o movimento de baixa, reforçando a percepção de que a Selic cai para um dígito nesta quarta-feira.

No câmbio, mais um pregão de alta para a moeda americana.

O dólar comercial subiu 0,29%, para R$ 1,737, maior preço desde o fim de janeiro.

Olhando além do movimento diário, o sócio da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, aponta que o governo está com a percepção errada sobre o que gera o movimento de valorização do real. Segundo Daoud, não é o fluxo de recursos, nem esse “tsunami monetário” internacional – reflexo das ações do Federal Reserve (Fed), banco central americano, do Banco Central Europeu (BCE) e de outros bancos centrais – que dá fôlego à moeda brasileira.

Segundo Daoud, a valorização do real se dá pelas operações no mercado de derivativos, onde os investidores operam taxas de câmbio atreladas às taxas de juros domésticas.

Ainda de acordo com Daoud, o governo não deve restringir as operações com derivativos, pois é lá que o preço à vista é formado em função da liquidez elevada. “Se você mata um mercado, acaba com outro”, diz.

A sugestão do especialista é focar nos especuladores. Que vendem moeda sem ter dólares de fato para entregar lá na frente. Para Daoud, o governo poderia criar algum tipo de exigência para o vendedor “seco” de dólares em derivativos. Algo como: se vender 100 contratos tem de obrigatoriamente comprar 30 contratos. A medida é extrema, reconhece o especialista, mas o momento pediria isso. Dessa forma, o governo evitaria a especulação.

Fonte: Valor Econômico/ Eduardo Campos – 06/03/2012

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