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A firme aceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em julho colocou os economistas em alerta e alguns cogitam a possibilidade de o indicador oficial de inflação superar, em 2013, o teto da meta fixada pelo governo, de 6,5% ao ano. Mas essa é uma possibilidade considerada real por poucos.
 
No mês passado, o IPCA avançou 0,43% sobre junho, ultrapassando as expectativas de 11 economistas consultados pelo Valor Data, que projetavam, na média, alta de 0,39% no período. Com isso, o indicador acumulado em 12 meses subiu de 4,92% para 5,2%, deixando para trás nove meses de desaceleração. Apesar da preocupação dos analistas, nenhum indicador de atividade divulgado até agora aponta para retomada econômica interna mais forte, o que justificaria o temor de maior pressão inflacionária.
 
A expectativa de Pedro Paulo Silveira, da TOV Corretora, é que o IPCA acumulado em 12 meses continue pressionado nos próximos meses, podendo bater em 7%, caso ocorra aceleração vigorosa da economia brasileira a partir deste semestre. O “empurrão” que a aceleração econômica poderia dar aos preços se somaria à alta dos grãos, derivada da quebra de safra nos EUA e já captada pelo atacado.
 
Puxado por soja e milho, que subiram mais de 15% em julho, os preços dos produtos agropecuários ao produtor ficaram 5,31% mais caros no mês passado, na comparação com junho, acumulando alta de 10,68% no ano, de acordo com o IGP-DI, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Esse avanço, segundo Silveira, logo chegará ao varejo. “A pressão que os preços internacionais exercerão sobre nossa inflação será grande, independentemente da situação global. Esse choque de preços continuará até 2014 e puxará a inflação para cima”, avalia o economista.
 
Estudo do Itaú Unibanco indica que novos aumentos nos preços dos grãos estão por vir. Pelos cálculos do banco, o milho ainda pode ficar 30% mais caro até o fim do ano, período em que a soja poderá subir mais 10%.
 
Silveira ressalta que, diferentemente do que se viu no passado, o impacto da disparada das commodities não será compensado agora pelo câmbio, já que o governo tem sinalizado o desejo de manter o dólar em torno de R$ 2. Em adição a isso, ele espera reversão no comportamento dos combustíveis, que nos últimos meses têm ajudando a minimizar a inflação.
 
Cálculos do Itaú Unibanco mostram que, para eliminar a diferença entre os preços dos combustíveis no exterior e no Brasil, seria necessário um reajuste nas refinarias de 12% para a gasolina e de 20% para o diesel. Isso significaria aumento nas bombas de 8,2%, no caso da gasolina, e de 16,4% para o diesel. O impacto, pelas contas do banco, seria de 0,33 ponto percentual sobre o IPCA do ano. “Indiretamente, preços mais altos da gasolina poderiam impor pressão sobre o etanol, enquanto o diesel mais caro atingiria os custos de frete e transporte urbano”, afirma o banco em relatório.
 
Em documento enviado a clientes, o BNP Paribas afirma que a inflação deve se tornar o foco das análises econômicas daqui pra frente, posição que até então era ocupada pelas discussões sobre o crescimento. “Tememos que o teto da meta, de 6,5%, seja testado no próximo ano”, afirmo o estudo.
 
Para o ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central e sócio da Schwartsman & Associados, Alexandre Schwartsman, a inflação em 2013 não chegará a superar 6,5%, mas ficará perto disso. “Só não estamos vendo alta em torno de 6% ao ano no IPCA, atualmente, porque o governo cortou o IPI em carros e linha branca e zerou a Cide em combustíveis.”
 
Segundo Schwartsman, os efeitos das medidas tomadas pelo governo, como redução de juros, elevação do crédito e expansão fiscal, começarão a se refletir mais nitidamente na economia a partir deste semestre, devendo manter o mercado de trabalho aquecido – e, com ele, a inflação. “Mas não teremos um cenário de robustez econômica, como em 2010. Por isso não acredito no estouro da meta.”
 
Luís Otavio Leal, economista do ABC Brasil, não conta com um estouro da meta inflacionária em 2013, mas vislumbra uma aceleração no ritmo de alta dos preços, para um patamar entre 5,5% e 6% ao ano, havendo ou não retomada da atividade econômica.
 
“O que vai fazer a diferença é o mercado de trabalho. Se a economia não reagir no semestre, o choque dos alimentos vai virar perda de renda disponível e gerar um ciclo vicioso, que levará à redução do consumo e aumento do desemprego”, afirma. ” Se a reação da economia for forte, o mercado de trabalho sustentará a inflação. Nesse caso, creio que o BC agirá, se perceber o risco de estouro da meta.”
 
Essa também é a percepção de Flavio Serrano, do BES Investimento, que lembra que a taxa básica de juros e as medidas macroprudenciais não são as únicas ferramentas para se segurar o avanço dos preços. “O governo, se quiser, consegue baixar a inflação no ano em 0,5 ponto percentual apenas por meio de redução tributária”, afirma.
 
Um importante alívio inflacionário, na avaliação de Octavio de Barros, do Bradesco, poderia vir da desoneração da energia elétrica, principalmente se estendida ao consumidor residencial. Somente a energia elétrica residencial responde por 3,4% do IPCA. O impacto da diminuição no preço da energia elétrica sobre a inflação, porém, poderia ser ainda maior, caso as empresas repassassem aos consumidores os descontos decorrentes da queda no custo de produção.
 
Fonte: Valor Econômico/ Francine de Lorenzo – 13/08/2012

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