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A preocupação do governo com a desaceleração da economia em função do recrudescimento da crise internacional ficou evidente na decisão do Banco Central (BC) de desarmar boa parte das medidas macroprudenciais que haviam sido introduzidas há quase um ano, em dezembro de 2010, para segurar o crédito.
Naquele momento, o cenário era bem diferente do atual. O ano estava fechando com o maior avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 24 anos (7,5%); e a inflação já indicava que iria descarrilar fora da banda de variação de dois pontos. O crédito, ao lado da expansão da renda, era um dos principais combustíveis do crescimento.
O estoque de crédito terminou 2010 com aumento de 20%. Mas algumas operações, especialmente as que alimentam o consumo na veia, cresciam muito mais. O financiamento de veículos, por exemplo, avançou 49,1% em 2010; e o crédito pessoal, 25%, puxado pelo crescimento de 27,4% dos empréstimos consignados, cujo pagamento é descontado na folha de salário.
Diante disso, o Banco Central começou a corrigir a rota. O primeiro passo foi elevar o juro básico, que havia ficado estável no período pré-eleitoral. Depois, o BC recorreu às chamadas medidas macroprudenciais, exigindo mais capital dos bancos para a realização de algumas operações de crédito. Velhas conhecidas dos brasileiros, as medidas macroprudenciais foram apresentadas como novidade e elogiadas nos fóruns internacionais por terem impacto mais cirúrgico no crédito do que a elevação dos juros, que acaba repercutindo em toda a economia.
As regras brasileiras, que determinam que o capital dos bancos deve ser equivalente a 11% dos ativos ponderados pelo risco, já são mais restritivas do que as da Basileia, que fixam esse percentual em 8%. Mas ficaram ainda mais severas com o pacote de dezembro, que aumentou para 16,5% as exigências de capital no financiamento de veículos e consignado.
Como sempre, o mercado financeiro soube driblar parcialmente as restrições, ampliando o prazo do crédito para compensar o inevitável aumento dos juros. Só recentemente o impacto das medidas macroprudenciais tornou-se mais visível, especialmente quando aferido pelas novas concessões de crédito. Os resultados variam conforme os cálculos realizados, mas os dados do próprio BC mostram que a concessão média diária de crédito para pessoa física acumulada neste ano até setembro cresceu 13,8%, bem abaixo dos 21,6% de igual período de 2010.
Mas, ainda assim, a desaceleração ficou aquém da meta do governo. No início do ano, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, chegou a cravar que considerava desejável que o crédito crescesse entre 12% e 15% neste ano. Em setembro, passou a admitir aumento de 17%. A flexibilização das exigências jogou para o espaço essa meta que, na prática, já estava ameaçada pela própria realidade. Os dados disponíveis até setembro mostram que o crédito já cresceu 13,1% neste ano, acumulando 19,6% em 12 meses e atingindo o saldo de R$ 1,929 trilhão, o equivalente a 48,4% do PIB.
Só o crédito para a pessoa física já aumentou 14,6% neste ano até setembro e 22,1% em 12 meses. Os principais alvos das medidas macroprudenciais de dezembro de 2010 ainda crescem significativamente, embora menos do que no ano passado. O financiamento de veículos aumentou 19,2% de janeiro a setembro e 33,3% em 12 meses. Já o crédito consignado registra aumento de 12,2% e 17,8%, respectivamente.
O desmonte das medidas macroprudenciais ainda é parcial porque manteve as exigências de compulsórios sobre depósitos à vista e a prazo e penaliza operações mais longas. A exigência de capital para o financiamento de veículos e o consignado até cinco anos de prazo voltou para os 11%. O BC ainda desistiu de mudar o pagamento mínimo dos cartões, que subiria dos 15% atuais para 20% em dezembro, o que deve aliviar o endividamento das pessoas.
Não se pode descartar o efeito positivo das novas medidas no balanço dos bancos. Mas o principal alvo do governo é reanimar o crédito, estimulando as vendas de fim de ano e se precavendo do futuro impacto que a crise internacional terá na economia brasileira. O governo já tem sinais inequívocos de que precisa contar mais com o mercado interno e pretende agir para impedir que o crescimento deste ano fique abaixo dos 3%.
Fonte: Valor Econômico/Editorial – 17/11/2011

Afrouxamento do crédito é aposta do mercado interno
A preocupação do governo com a desaceleração da economia em função do recrudescimento da crise internacional ficou evidente na decisão do Banco Central (BC) de desarmar boa parte das medidas macroprudenciais que haviam sido introduzidas há quase um ano, em dezembro de 2010, para segurar o crédito.
Naquele momento, o cenário era bem diferente do atual. O ano estava fechando com o maior avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 24 anos (7,5%); e a inflação já indicava que iria descarrilar fora da banda de variação de dois pontos. O crédito, ao lado da expansão da renda, era um dos principais combustíveis do crescimento.
O estoque de crédito terminou 2010 com aumento de 20%. Mas algumas operações, especialmente as que alimentam o consumo na veia, cresciam muito mais. O financiamento de veículos, por exemplo, avançou 49,1% em 2010; e o crédito pessoal, 25%, puxado pelo crescimento de 27,4% dos empréstimos consignados, cujo pagamento é descontado na folha de salário.
Diante disso, o Banco Central começou a corrigir a rota. O primeiro passo foi elevar o juro básico, que havia ficado estável no período pré-eleitoral. Depois, o BC recorreu às chamadas medidas macroprudenciais, exigindo mais capital dos bancos para a realização de algumas operações de crédito. Velhas conhecidas dos brasileiros, as medidas macroprudenciais foram apresentadas como novidade e elogiadas nos fóruns internacionais por terem impacto mais cirúrgico no crédito do que a elevação dos juros, que acaba repercutindo em toda a economia.
As regras brasileiras, que determinam que o capital dos bancos deve ser equivalente a 11% dos ativos ponderados pelo risco, já são mais restritivas do que as da Basileia, que fixam esse percentual em 8%. Mas ficaram ainda mais severas com o pacote de dezembro, que aumentou para 16,5% as exigências de capital no financiamento de veículos e consignado.
Como sempre, o mercado financeiro soube driblar parcialmente as restrições, ampliando o prazo do crédito para compensar o inevitável aumento dos juros. Só recentemente o impacto das medidas macroprudenciais tornou-se mais visível, especialmente quando aferido pelas novas concessões de crédito. Os resultados variam conforme os cálculos realizados, mas os dados do próprio BC mostram que a concessão média diária de crédito para pessoa física acumulada neste ano até setembro cresceu 13,8%, bem abaixo dos 21,6% de igual período de 2010.
Mas, ainda assim, a desaceleração ficou aquém da meta do governo. No início do ano, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, chegou a cravar que considerava desejável que o crédito crescesse entre 12% e 15% neste ano. Em setembro, passou a admitir aumento de 17%. A flexibilização das exigências jogou para o espaço essa meta que, na prática, já estava ameaçada pela própria realidade. Os dados disponíveis até setembro mostram que o crédito já cresceu 13,1% neste ano, acumulando 19,6% em 12 meses e atingindo o saldo de R$ 1,929 trilhão, o equivalente a 48,4% do PIB.
Só o crédito para a pessoa física já aumentou 14,6% neste ano até setembro e 22,1% em 12 meses. Os principais alvos das medidas macroprudenciais de dezembro de 2010 ainda crescem significativamente, embora menos do que no ano passado. O financiamento de veículos aumentou 19,2% de janeiro a setembro e 33,3% em 12 meses. Já o crédito consignado registra aumento de 12,2% e 17,8%, respectivamente.
O desmonte das medidas macroprudenciais ainda é parcial porque manteve as exigências de compulsórios sobre depósitos à vista e a prazo e penaliza operações mais longas. A exigência de capital para o financiamento de veículos e o consignado até cinco anos de prazo voltou para os 11%. O BC ainda desistiu de mudar o pagamento mínimo dos cartões, que subiria dos 15% atuais para 20% em dezembro, o que deve aliviar o endividamento das pessoas.
Não se pode descartar o efeito positivo das novas medidas no balanço dos bancos. Mas o principal alvo do governo é reanimar o crédito, estimulando as vendas de fim de ano e se precavendo do futuro impacto que a crise internacional terá na economia brasileira. O governo já tem sinais inequívocos de que precisa contar mais com o mercado interno e pretende agir para impedir que o crescimento deste ano fique abaixo dos 3%.
Fonte: Valor Econômico/Editorial – 17/11/2011

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