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A política volta à cena como principal protagonista da crise – sim, ela não acabou. Na Itália, o pior cenário se confirmou com a não definição de uma maioria que proporcione governabilidade ao país. Pier Luigi Bersani (centro-esquerda) ficou à frente na Câmara Alta por uma maioria estatisticamente irrisória sobre Silvio Berlusconi, enquanto no Senado tem apenas duas cadeiras a mais que o partido de centro-direita.
 
A estrela que ascendeu foi o anti-establishment Beppe Grillo, e a que caiu foi Mario Monti e tudo que sua candidatura significava: mais austeridade, mais ajuste fiscal. O mercado não demorou a reagir.
 
As possíveis coligações não serão fáceis nesse cenário e a possibilidade de indefinição por semanas (ou até mesmo uma nova eleição) está na pauta. Como se trata da terceira maior economia europeia, o risco é de crescente instabilidade em toda a zona do euro, levando pressão ao financiamento das dívidas e aos preços dos ativos como um todo. Ontem as bolsas recuaram no mundo inteiro (quase 5% na Itália) e o “yield” (retorno) dos títulos italianos de dez anos avançou 40 pontos base, ainda longe de seu pico, mas já deixando para trás as baixas dos últimos meses.
 
E a tensão nem é apenas pelo tamanho da Itália, mas pelo que representa. Pelo fato de ter sido, juntamente com a Espanha, alvo do mau humor do mercado nos últimos três anos. Basta lembrar a volatilidade criada pelas eleições na Grécia, um país que representa apenas 2% do PIB da união monetária. Mas foi em evento de quase-plebiscito pela permanência do país na região que, em última instância, representava o risco real de implosão da própria “instituição euro”.
 
Se na Grécia venceu o lado dos “credores”, na Itália a ascensão de um governo fraco no nascimento e com viés anti-austeridade poderia ter consequências imprevisíveis. No Chipre, outro país às vésperas de um resgate (provavelmente em março), o partido conservador, alinhado a reformas, venceu as eleições anteontem como esperado, mas com sua pouca (ou nenhuma) capacidade de mexer com o risco na zona do euro, ninguém viu, ninguém vê. O que manda é a representatividade. E, nesse aspecto, as eleições na Alemanha em setembro serão o evento mais sensível à Europa, passado o imbróglio na Itália. Os eleitores não deixarão de cobrar pelo preço que o país vem pagando para dar suporte aos demais países combalidos.
 
Que as metas fiscais impostas ou abraçadas pelos países mais endividados não têm sido alcançadas não é novidade. Tampouco morreu o debate em torno do “trade-off” austeridade x crescimento, embora a sensação de relativa normalidade depois de o BCE mostrar suas armas tenha predominado. Se a Comissão Europeia estiver certa, a Espanha verá o déficit público subir para 10,2% do PIB neste ano, de 9,4% em 2011. Em Portugal, a história deve ser a mesma. A recessão deve se aprofundar.
 
Fonte: Valor Econômico / Roberta Costa – 27.02.13

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